«(…) Um dia Dedé me trouxe uma revista Manchete com as primeirs fotografias da Terra tiradas de fora da atmosfera. Eram as primeiras fotos em que se via o globo inteiro -o que provocaba fote emoçao, pois confirmava o que só tÃnhamos chegado a saber por deduçao e só vÃamos em representaçoes abstratas- e eu considerava a ironia de minha situaçao: preso numa cela mÃnima, admirava as imagens do planeta inteiro, visto do amplo espaço.
Anos depois, já de volta a Bahia, compus uma cançao de que ainda hoje gosto muito (Terra) e cuja letra começa por referirse a esse momento (…) Esse acercamento sensual que se insinúa na consideraçao de que a Terra nao estava nua nas páginas da revista (…) me veio a mente sem dúvida por causa das outras fotografias que mais me impresionavam na cela do PQD: as de mulheres seminuas que me enchiam de desejo e com que sonhava todas as noites» (Caetano Veloso)
«Quando eu me encontrava preso
na cela de uma cadeia,
foi que vi pela primeira vez
as tais fotografias,
em que apareces inteira
porem la nao estavas nua,
e sim coberta de nuvens…
Terra… Terra…
Por mais distante
o errante navegante
quem jamais te esqueceria…»